sábado, 22 de setembro de 2012

A parede de cristal (capítulo 8)


Oi pessoal! 
Já faz um tempinho que eu não posto um capítulo novo da minha historinha!
Pois hoje irei postar o capítulo 8, desfrutem!




Capítulo 8 – Defesa



Alan apertava os botões do pequeno controle remoto e imediatamente as cápsulas voavam por cima das árvores em direção à nave Exception. Alguns segundos depois, outras duas cápsulas também passaram sobre suas cabeças e voaram em direção à nave. Eram brancas, com um brasão que simbolizava a União Continental das Nações Sobreviventes (UCNS - criada depois da tragédia de 2012), também havia uma listra dourada com o nome “Smart City” gravado em letras vermelhas e o logotipo da agência. 

-Temos que ir! –falou Alan, puxando o braço de Sheldon, que ainda estava com muita raiva. 

-ELA É SÓ UMA GAROTA! ACHA QUE EU NÃO SEI O QUE VOCÊS VÃO FAZER COM ELA QUANDO CHEGARMOS À TERRA?-rosnou Sheldon, cravando seus sapatos prateados no solo úmido de Babylon. 

-Não se intrometa em assuntos que não são da sua conta! VAMOS!-praguejou Alan, apertando o braço do soldado e amassando a manga de seu uniforme. 

-NÃO SAIREI DAQUI ATÉ VOCÊ SOLTÁ-LA! -insistiu Sheldon, desvencilhando-se do cientista com toda a sua fúria. 

-Então você morrerá! Esqueceu-se da bomba? -retrucou Alan, fazendo Sheldon empalidecer e arregalar os olhos. –Tenho certeza de que você não esqueceu que o seu maravilhoso chefe, Wolf Callender, só está aqui para assegurar-se de que vamos plantar a bomba nuclear para destruir esse planeta desgraçado! 

Sheldon abaixou a cabeça e fixou o olhar numa pequena planta que seus sapatos grandes acabaram de esmagar. 

-Mas... Não é possível que depois de vê-los, o general ainda queira matá-los! -argumentou Sheldon, atordoado, pensando no rosto do babilônio que se parecia com seu avô. 

-Você é um tolo! Como pode dizer isso, não o viu atirando? Todos os soldados estavam atirando e matando! Menos você, seu covarde! – retrucou Alan novamente, apontando seu dedo na direção do soldado, como se quisesse mostrar que ele era culpado por não atirar nos babilônios como todos os outros estavam fazendo. 

-Covarde? Vocês matam pessoas inocentes que não tiveram a mínima chance para se defender e eu é que sou o covarde? 

-Essa é a última chance de você vir comigo, e se não vier, ficará aqui e morrerá junto com eles! –grasnou Alan, encarando Sheldon com uma expressão muito séria e decidida. –Eles destruíram metade da raça humana! Ainda acha que são tão inocentes assim? 

Sheldon ficou calado, como se não conseguisse mais argumentar com seu parceiro. Depois de alguns segundos, soltou um suspiro e finalmente resolveu ceder. Alan o acompanhou e os dois andaram em direção à nave, enquanto os outros soldados e cientistas começaram a fazer o mesmo. 
Para chegar até Exception, era preciso atravessar a mata fechada. Wolf Callender permanecia parado e observava o topo da montanha através de um pequeno binóculo. Uma luz forte surgiu dentro da cabana e espalhou-se para o alto, atravessando o teto vermelho como uma espécie de sinalizador. O clarão focalizado atingiu o céu, que por sua vez, estáva de uma cor amarelo-queimado por causa do pôr do Sino (Sino é a estrela ao qual o planeta Babylon pertence, assim como a Terra faz parte do sistema solar). Wolf se admirou com o clarão, mas logo em seguida percebeu o que de fato tinha acabado de acontecer, então se desesperou. Pediu para que os soldados voltassem imediatamente para dentro de Exception. 

Alguns dos soldados avistaram extraterrestres saindo da cabana, e ao contrário daqueles que estavam no círculo e acabaram sendo mortos, suas roupas eram de couro, e todos carregavam um bumerangue de pontas afiadas preso na cintura por um cinto feito de algas brilhantes. Eles locomoviam-se pelo céu, e faziam isso rapidamente através de asas que pareciam ser construídas de algo parecido com bambu e pele de animal. 

-Mais o que diabos é aquilo? –perguntou Horácio, de olhos arregalados, olhando para os babilônios pairando no ar e aproximando-se cada vez mais do campo aberto onde os soldados ainda se encontravam. 

-Não sei! Mas estão vindo atrás de nós! CORRAM!-gritou Scott, enquanto soldados e cientistas se misturavam, todos desesperados para salvar suas vidas. 

Wolf Callender tentou, com sua arma, derrubar os extraterrestres voadores. Alguns soldados fizeram o mesmo, já outros foram dominados pelo medo e correram para chegar em Exception o mais rápido possível. 

De repente, ouve-se um barulho de lâmina. Um dos extraterrestres atira o bumerangue que atinge um soldado, deixando-lhe um corte profundo nas costas. Outros começam a serem atingidos também, até mesmo os cientistas que foram abandonados pelos seus parceiros. 
Os bumerangues eram certeiros e atingiam as partes mais vulneráveis do corpo. 

Os exploradores correram em direção à praia, e não faltava muito para conseguirem alcançar a nave. Porém, alguns dos soldados estavam muito feridos e não conseguiram ir adiante, ficando para trás. Os extraterrestres eram  muito rápidos e esquivavam-se das balas que tentavam atingi-los. Wolf desiste de atacar quando é atingido por um bumerangue no ombro esquerdo. Acaba resolvendo fugir também. 

Horácio e Scott correm desnorteados pela mata. Os dois são perseguidos por um babilônio. Enquanto seus passos largos deslizam pelo mato que cobre o solo do planeta, o extraterrestre sobrevoa por cima de suas cabeças. Horácio acaba sendo atingido por um bumerangue e cai inconsciente. 

-HORÁCIO! VOCÊ ESTÁ BEM? HORÁCIO? -gritou Scott, desesperado, tentando reanimar seu parceiro, que permaneceu caído no chão. 

-Cof! Cof! Cof! 

O soldado mexicano começa a tossir e engasgar. O ferimento no peito é muito profundo e ele está perdendo uma grande quantidade de sangue. Aos poucos, sua respiração vai diminuindo até parar por completo. 

-OH NÃO! HORÁCIO! ALGUÉM ME AJUDE, POR FAVOR!-gritou Scott, porém todos os outros estavam fugindo e nenhum teve coragem de voltar para socorrer seus companheiros. 

Sheldon e Alan continuavam correndo. O soldado escutou o pedido de ajuda de Scott.

-Ouviu isso? –perguntou Sheldon, ofegante. 

-Ouvi, mas não podemos voltar! Se fizermos isso, iremos morrer!-falou Alan, com a respiração muito forçada. 

Sheldon para de correr e olha para trás. 

-Mas... 

-Não podemos ajudá-los! Temos que voltar à nave! –praguejou Alan, também parando de correr e voltando-se para o soldado, que estava tentando escutar de que direção os gritos de Scott vinham. 

-Não podemos deixá-los aqui! Ainda podemos salvá-los! - suplicou Sheldon, começando a correr na direção oposta e sendo impedido imediatamente por Alan, que agarrou seu braço novamente. 

-NÃO PODE IR! Viu aquela luz nas montanhas? Provavelmente foi um sinal para chamar reforços! Logo chegarão centenas de babilônios aqui, seremos completamente dizimados!-argumentou Alan, apertando o braço de Sheldon com força. 

Repentinamente, ouve-se um barulho acima de suas cabeças e galhos de árvores começam a cair. Um babilônio se aproxima dos dois. Suas asas de bambu moviam-se para cima e para baixo, e dava pra notar que no canto inferior delas, próximo às costas do extraterrestre, existia um pequeno motor que a fazia funcionar. 
O babilônio jogou o bumerangue na direção de Alan. Para proteger o cientista, Sheldon se meteu em sua frente e acabou sendo atingido no lugar dele, ao mesmo tempo em que conseguiu dar um tiro certeiro no pequeno motor do bumerangue. Antes do barulho ensurdecedor, Alan e Sheldon se jogam no chão. O motor trava e o extraterrestre começa a cair, até que suas asas atingem um dos galhos de uma árvore que acaba causando uma explosão. 

-Droga, Sheldon, você está bem? –perguntou Alan, segurando Sheldon no chão. 

-Merda! Minhas costelas! Que dor! –disse Sheldon com uma voz rasgada, levando uma das mãos às costelas e sentindo uma dor insuportável. 

-Precisamos estancar o sangramento, por sorte a ponta do bumerangue atingiu o osso da costela, se tivesse perfurado o pulmão, você estaria morto agora! 

-Me ajude a levantar! 

-Acha que consegue andar nessas condições? 

-Consigo! Temos que sair daqui, você tinha razão, se ficarmos, vamos morrer! 

Alan ajuda Sheldon a se levantar e lhe oferece apoio para continuar se locomovendo. Sheldon segura o seu ferimento com uma das mãos e com a outra se apoia em seu companheiro. Os dois voltam a correr em direção à praia. 

-Desculpe... Estou atrasando você... – falou Sheldon, apoiando-se nos ombros de Alan. 

-Não se preocupe, afinal, foi você que salvou a minha vida primeiro! Estou te devendo uma! – disse Alan, esforçando-se para conseguir sustentar o peso de seu amigo. 

Enquanto corriam desengonçados, Alan e Sheldon escutaram gritos e barulhos de lâmina, mas desta vez não pararam, simplesmente ignoraram os sons de sofrimento e continuaram a correr. Até que finalmente chegaram à praia. Ao enxergar a nave, Alan deixa transparecer um sorriso contido e Sheldon suspira de alívio. 

-Olha ali! –gritou Alan, avistando um homem mancando em direção à Exception. –É Scott! 

Scott se aproximou dos dois. Estava com a roupa toda ensanguentada, mas pelo que tudo indicava o sangue não era dele. 

-Onde está Horácio?-perguntou Sheldon, olhando angustiado para o homem coberto de sangue. 

Scott, ofegante, se abaixou e pôs as mãos nos joelhos. Começou a chorar. 

-Está morto... Não pude salvá-lo! Ele foi ferido bem no coração! –soluçou o cientista, deixando as lágrimas escorrerem pela sua face. 

-E Krzystof? –interrogou o soldado, preocupado. 

-Quem é Krzystof? Sinto muito, não o conheço!-respondeu Scott, com uma voz trêmula de choro. 

-Conhece sim! Ele estava acompanhado de um cientista chamado Carl! –retrucou Sheldon, mostrando-se ainda mais preocupado. 

-Sim... Eu lembro agora, é um soldado russo, não é? 

-Isso mesmo! Sabe onde ele está? 

-Desculpe, depois que Horácio e eu fomos atacados pelo babilônio, não consegui enxergar mais ninguém... Quando Horácio parou de respirar, eu gritei por ajuda e ninguém respondeu, por isso eu simplesmente comecei a correr para tentar salvar minha vida... Achei até que Exception já tinha ido embora! 

-Sinto muito, nós ouvimos seu pedido de ajuda, mas não pudemos fazer nada! Também fomos atacados, Sheldon salvou minha vida! –falou Alan, sentindo-se culpado. 

-Horácio também salvou a minha... –retrucou Scott, com uma expressão séria e revoltada. 

-Droga! Será que Krzystof está morto? 

-Não sei... –respondeu Scott, num tom de voz muito amargo. Suas mãos ensanguentadas enxugavam os olhos lacrimejantes. 

-O que é aquilo? –perguntou Alan, avistando destroços de alguma coisa em chamas. 

-Oh meu Deus! É uma cápsula! –falou Sheldon de modo alarmante. 

Scott continuou andando em direção à nave e deixou seus companheiros para trás. Sheldon e Alan tentaram chegar mais perto da cápsula que ainda estava se incendiando. Próximos dela estavam dois bumerangues quebrados. 

-Eles... Foram eles que derrubaram... –falou Alan com uma voz rouca. 

-Mas... Não pode ser, tinha um babilônio dentro dela, como eles puderam fazer isso sabendo que machucariam seu semelhante?-pergunta Sheldon, indignado. 

-Talvez eles apenas quisessem libertá-lo... Mas pelo visto não deu certo - respondeu Alan, com os olhos fixos no que restava da cápsula voadora, o fogo consumia as partes mais frágeis, enquanto o metal permanecia intacto. O babilônio se encontrava dentro da cápsula, morto e quase irreconhecível por causa das queimaduras. 

-Olhe ali! –exclamou Sheldon, apontando na direção da praia, já perto de Exception. 

-Não acredito! É outra cápsula! –falou Alan, correndo em direção aos destroços da segunda cápsula. 

A princípio, Sheldon não queria se aproximar, pois havia grandes chances de essa ser a cápsula onde a garota que ele salvou estava aprisionada. 

-Não seja a garota, não seja a garota, não seja a garota... –repetia Sheldon em pensamento. 

Quando chegaram ao local dos destroços, um babilônio macho estava dentro da cápsula, assim como o primeiro, morto. Sheldon, apesar de triste, não conseguiu evitar um suspiro de alívio. 

-Tivemos sorte, parece que a garota e o rapaz que capturamos conseguiram entrar em Exception! –falou Alan, mais uma vez olhando para a cápsula totalmente destruída. 

Sheldon desviou o olhar por poucos segundos e avistou algo. 

-Temos que ir, olha só aquilo! –alarmou o rapaz, apontando para o céu e vendo uma quantidade enorme de pequenas máquinas voadoras semelhantes à helicópteros, ainda muito distantes, porém se aproximando em alta velocidade. 

Os dois correram e subiram as escadas da nave. Para a surpresa de ambos, quando entraram, estava um grande alvoroço dentro de Exception. Muitos cientistas discutiam entre si, falavam sobre “erro fatal” e “não completaram a missão”, alguns soldados também se envolviam na discussão, e por isso acabavam sendo destratados pelos cientistas. Para revidar, um dos soldados resolveu usar violência física e agrediu um dos cientistas com um soco no estômago. Uma briga coletiva entre soldados e cientistas se instalou dentro da nave. 

Wolf Callender entrou em Exception logo depois de Sheldon e Alan. Ficou chocado com toda aquela confusão. 

-PAREM COM ISSO AGORA! –gritou Callender, com uma voz assustadora. 

Todos pararam de brigar e ficaram boquiabertos. 

-Acabei de saber que o sistema de acionamento da bomba foi comprometido... Grell, isso é verdade?-perguntou Wolf. 

-Sim, infelizmente a equipe encarregada de implantar a bomba foi atacada por aqueles babilônios com asas! –respondeu Grell, encarando Peter de uma forma rude, pois ele era o cientista responsável pela operação da bomba nuclear. 

-E não podemos fazer nada para consertar isso?-perguntou Callender, com os olhos vermelhos de fúria. 

-Eles estão vindo! Precisamos partir imediatamente! –retrucou Mozart, assustado. 

-ENTÃO QUER DIZER QUE TODO NOSSO ESFORÇO FOI EM VÃO? TODA A NOSSA DEDICAÇÃO E TODAS AS BAIXAS QUE TIVEMOS HOJE FOI TUDO PARA NADA? EU NÃO ADMITO! VOCÊS VÃO VOLTAR LÁ E CONSERTAR AQUELA PORCARIA DE BOMBA! – grasnou Callender, deixando todos de olhos arregalados. 

-Não podemos... Se fizermos isso vamos morrer! –falou Scott. 

-NÃO ME IMPORTA! VOCÊS VÃO VOLTAR, EU ESTOU MANDANDO! –gritou Wolf, parecendo fora de si. 

Todos permaneceram parados. Wolf encarava cada um com um olhar fumegante, como se dissesse que se não fizessem o que ele queria, estariam jurados de morte. 

-NÃO VÃO ME OBEDECER? É ISSO?- Wolf levantou a arma e pôs o dedo no gatilho. 

Em uma fração de segundo, antes que o general pudesse atirar em qualquer tripulante, ele arregalou os olhos e depois caiu desmaiado no chão. Atrás dele estava Hiroshi, segurando uma injeção de sonífero, que acabara de injetar em seu pescoço. 

-Desculpe general, mas tive que fazer isso... –disse Hiroshi. -VAMOS! LIGUEM OS MOTORES! Se não sairmos daqui agora vamos morrer em cerca 45 segundos! –completou o jovem asiático, deixando todos boquiabertos com sua atitude. 

A nave finalmente começa a mover-se. Deixou o solo de Babylon e rapidamente alcançou à atmosfera. Todos os sistemas são novamente ativados. Um buraco negro é criado pelos cientistas através da colisão de partículas de Hádrons e Exception é arrastada para o seu interior, sumindo em poucos segundos. 

-Será que eles vão nos seguir? –perguntou Scott, com uma voz embargada. 

-Não se eu puder evitar! –respondeu Peter, demonstrando um olhar confiante. 

-O que vai fazer?- perguntou Sheldon, observando o cientista digitar uma série de códigos num grande painel controlado por um computador. 

-Vou atrasá-los com o plano B! –respondeu o jovem cientista, olhando fixamente para a tela do grande monitor. 

-Plano B? Que plano é esse? –perguntou Sheldon, encarando Hiroshi, que havia se aproximado depois de deixar o General Wolf inconsciente. 

-O plano A era destruir Babylon totalmente com 17 bombas nucleares implantadas em pontos estratégicos do planeta. Infelizmente o sistema de acionamento das bombas foi danificado e não pudemos voltar atrás para consertá-lo devido aos ataques iminentes. Mas felizmente existe um plano B! – disse Peter, ainda com seu olhar confiante e um sorriso no canto da boca. 

-E que diabos de plano é esse? Para de enrolar! –pressionou Sheldon, já ficando impaciente. 

-Ainda temos a chance de devastar um terço do planeta Babylon! –respondeu Peter, mostrando um sorriso maléfico, enquanto Sheldon, Hiroshi e Scott encaravam-se apreensivos. 




Nenhum comentário:

Postar um comentário